A distância entre a ilha de Mosqueiro e a cidade de Belém, cerca de 70 quilômetros, é apontada com um dos grandes obstáculos para os estudantes que precisam se deslocar para fazer o ensino superior na capital paraense. E o tumultuado trânsito da Região Metropolitana agrava ainda mais a situação dos universitários, que chegam a gastar até 6 horas no deslocamento entre a ida e a volta para suas casas.
Na mesa o Prof. Lairson Oliveira, o Dep. Prof. Alfredo Costa, o Porf. Mario Brasil (UEPA), a conselheira tutelar Carla Barbosa e o representante do Movimento Estudantil Claudio Cris |
Este foi o principal argumento dos estudantes, professores e pais de alunos, na audiência pública, promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, a pedido do deputado Alfredo Costa (PT) e realizada no último dia 15, na Escola Honorato Filgueiras.
A solução proposta pela comunidade é a implantação de um campus universitário, de todas as instituições de ensino superior, na ilha de Mosqueiro. O professor Lairson Oliveira lembrou que todos os anos cerca de mil alunos alcançam o terceiro ano do ensino médio, mas poucos ingressam no ensino superior. A falta de cursos na própria ilha é um forte obstáculo. Mas não é o único. O precário transporte público exige muita força de vontade do estudante, por conta do valor da tarifa, que é 50% superior aos dos coletivos que trafegam na região metropolitana de Belém.
Outro fator que dificulta a vida dos universitários é redução da frota de ônibus. Isso obriga o estudante a ficar várias horas nas paradas de coletivos, aumentando o desgaste físico do aluno e funciona como um desestímulo para muita gente. Quem tem parente em Belém, se desloca da ilha na segunda-feira e só retorna no sábado para rever a família. Mas nem todos podem fazer isso, lembrar o professor Aldo Rodrigues.
A ilha do Mosqueiro conta com uma população estimada em 45 mil habitantes. As lideranças comunitárias reclamam da falta de políticas públicas para a geração de renda e ocupação para os jovens. E reivindicam a instalação de um polo universitário, com cursos que possam alavancar o potencial turístico, pesqueiro, artesanal e agrícola da ilha, um das 39 que compõem o território insular de Belém.
A conselheira tutelar, Carla Barbosa, acredita que a implantação do ensino superior na ilha vai funcionar como um contraponto para muitos jovens que ingressam na criminalidade. A aluna Silmara Barbosa emocionou o público que lotou o auditório, quando declarou que é um direito legítimo dos jovens querer prosseguir nos estudos e poder ingressar na universidade.
Silmara Barbosa aluna da Cooperativa Centro de Estudo Paulo Freire |
Os encaminhamentos aprovados pelos participantes da audiência pública apontam para que as provas de vestibular das universidades públicas sejam realizadas nas diversas comunidades da ilha. Outra decisão foi formar uma comissão para visitar os reitores das universidades públicas e reforçar a luta pelo campus universitário. Também foi acertada a busca de apoio de parlamentares federais para que possam interferir junto ao MEC, a fim de criar condições para a instalação das universidades federais no campus do Mosqueiro.
O espaço da Cooperativa Centro de Estudo Paulo Freire foi colocado à disposição para servir de embrião para o futuro campus. E no final foi formada a comissão de estudantes e educadores que vão acompanhar as audiências com reitores e outras autoridades da área da educação.
0 comentários:
Postar um comentário